O Estadão desta segunda-feira (7) publicou uma matéria em que ressalta a importância do rádio neste período de pandemia do coronavírus. A publicação destacou a fuga de anunciantes do veículo no início da crise sanitária, porém, abordou o aumento na audiência e também a abertura de algumas rádios para ajudar empresas de pequeno porte a anunciar seus serviços. Na sequência, marcas perceberam como melhor utilizar o veículo. O texto é assinado pela jornalista Lílian Cunha.
A matéria usou como parâmetro o Inside Radio 2020, estudo da Kantar Ibope Media que registrou que 75% das pessoas que ouviam rádio antes da crise da covid-19 afirmaram, que estão consumindo na mesma intensidade. Outros 17% responderam que passaram a ouvir muito mais.
A publicação também foi ouvir algumas emissoras de rádio sobre os resultados deste período pandêmico. Um deles foi Emanuel Bomfim, diretor artístico da Eldorado FM 107.3 de São Paulo, que pertence ao Grupo Estado. Segundo ele, o número de ouvintes começou a subir repentinamente já no fim de março. “Notávamos isso não só pelos índices, mas também pela participação das pessoas pelas redes e pelo WhatsApp”, afirma
Outro que também foi ouvido foi José Camargo Júnior, diretor executivo da 89 FM A Rádio Rock FM 89.1 de São Paulo. “Era gente de outros lugares que estava ouvindo pela internet. Estávamos com picos de audiência e faturamento zero. Na 89, marcas de produtos de limpeza marcaram presença”, diz Júnior.
De acordo com Adriana Favaro, diretora da Kantar Ibope, esse período pandêmico fez com que as pessoas passassem a ouvir mais o rádio. “Esse período mais introspectivo fez com que os ouvintes passassem a experimentar novos formatos de rádio: 46% dos entrevistados ouviram serviços de streaming de áudio durante a pandemia e 25% aumentaram o consumo”, diz.
Com o isolamento social, as pessoas procuraram a companhia do rádio para ouvir músicas e notícias, enquanto trabalhavam, estudavam ou faziam faxina. Na visão de Daniel Ribeiro, diretor de mídia da AlmapBBDO, que fez campanhas radiofônicas para marcas como Bradesco, Volkswagen e Boticário, além da companhia, o rádio tem a característica da simultaneidade que outros meios não têm. “Você pode fazer outras coisas enquanto ouve a programação”, afirma. O que mudou, diz, foi o jeito de ouvir.
Impacto digital
Mas os anunciantes demoraram um pouco para voltar. Para Paulo Sant’Anna, consultor de comunicação e mídia, esse é um reflexo do comportamento das marcas, que às vezes levam mais tempo para detectar tendências. “As pessoas não ouvem só Spotify. Quando o jovem quer descobrir músicas novas, ele vai para o rádio, que ainda é uma grande plataforma de lançamentos”, comentou Paulo.
Até mesmo rádios que nasceram na internet e são 100% digitais passaram pelo mesmo processo. “Tivemos uma fuga de patrocinadores que voltaram agora”, diz Patricia Palumbo, idealizadora da webradio Vozes. “As pessoas estão trabalhando de casa, mas querem ficar conectadas. E o rádio permite isso, sem exigir atenção total”, frisou Palumbo.
Para as marcas, anunciar em rádio, sobretudo em tempos de crise, traz várias vantagens, porque é barato e eficaz. “Tem muita capilaridade”, diz Mirian Cumino, diretora de mídia da F.biz. “Além disso, o anunciante pode falar com o ouvinte por meses, repetindo o anúncio ou mudando conforme o tempo”. E tem também o aspecto da regionalidade. Há cidades onde só o rádio chega.
Fonte: Tudorádio